Porque será que não me surpreendi diante da leitura da
manchete da Folha de São Paulo?Que a
Covid-19 tem se mostrado letal entre os negros? Onde está a população negra do
nosso país? Quais as condições de trabalho e de sobrevivência do povo negro?
Muitas ao ler dirão ser “mimimi”, sensacionalismo,
vitimização, o fato é constatado.
Pensemos: a primeira onda de contaminados estava entre as
pessoas de alto poder aquisitivo, do alto escalão da sociedade, vindo de
viagens do exterior. Vamos identificá-las: quem são a elite? Brancos.
Alguns podem questionar onde os negros entram nesse contexto,
nessa história. Vejamos: geralmente, quem trabalha nessas casas como cozinheiras,
faxineiras, babás, cuidadores, majoritariamente são negros.
Infelizmente, encarcerados em regiões periféricas, sem acesso
muitas vezes a uma alimentação adequada, comorbidades associadas, saneamento
básico precário, falta de água, precárias e aglomeradas moradias, essas
disparidades sociais, as formas de desigualdade e de violência que molda a vida
contemporânea, torna assim, o povo negro muito mais exposto e vulnerável a
pandemia.
Muitas discussões podem ser feitas diante cenário da
pandemia, uma delas é a necessidade de refletirmos sobre questões como Políticas
Afirmativas, se estão mesmo sendo contempladas na vida do negro? Estão
cumprindo seus propósitos? As chances de ascensão social, de reconhecimento e
de sustento material estão sendo possíveis? Está ocorrendo o aumento da nossa
representatividade? A lógica discriminatória está sendo alterada?
Precisamos refletir, usar esse momento de isolamento, para
levantarmos esse tipo de questionamento e muitos outros pertinentes aos negros,
que se encontram naturalizados na sociedade.
O negro permanece desfavorecido, sendo tratado como uma minoria,
sendo a maioria de uma país.
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