terça-feira, 2 de novembro de 2021

ENTREVISTA: Mal de Alzheimer: impactos e possibilidades na vida dos pacientes e familiares


  

 

Segue abaixo entrevista entre a locutora Ana Cristina e a Neuropsicóloga e Membro da ABRAZ Juliana Ceccato, veiculada no programa “Resisto e Empodero” transmitido  pela Rádio Boa Música FM, no dia 23 de setembro de 2021.

 

LOCUTORA ANA CRISTINA: O que é Doença  de Alzheimer e onde afeta?

JULIANA CECCATO: A doença não é da pessoa e sim da família, pois a família sofre com as fases, alterações comportamentais.

Foi descrita pela primeira vez  1906 pelo Dr. Alois Alzheimer. É uma demência neurodegenerativa que compromete o principal fato,  memória pra fatos recentes . A primeira coisa que temos que se ligar,  sabe quando dizemos que é normal o idoso esquecer, o esquecimento é uma característica da velhice. É normal Ju? Não é normal, primeiro que não é normal ninguém esquecer; quando pessoas novas começam a esquecer, pensamos logo em estresse, transtorno do humor, ansiedade. Nem para o idoso, então se ele começa a esquecer, ter falhas, lapsos de memória precisamos procurar assistência neuropsicológica, médica, para fazer uma avaliação. Aí sim Ana, o diagnóstico precoce é extremamente importante.

Recapitulando, a Doença de Alzheimer é um tipo de demência. Então, falamos que é uma síndrome neurodegenerativa que acontece no cérebro, mas especificamente numa região lobo-temporal, nessa região quando começa perder neurônios começam a ocasionar os esquecimentos.

No senso comum, é normal o idoso esquecer de fatos recentes, ele começa a falar do passado com detalhes, não lembra o que jantou, mas sabe do detalhe do passado, fala do enxoval de casamento, detalhes de falas do pai. Então, mas apresenta dificuldade na formação de novas memórias, semana que  vem preciso comprar café, pagar as paga, não consegue processar novas informações. Esses seriam os primeiros sintomas iniciais, muito leves. Quando falamos Ana, de neurodegeneração, há o comprometimento das regiões celebrais, aparecem agressividade, troca o dia pela noite, isso pensando em evolução, não lembra dos filhos, pergunta da mãe que já faleceu.

A apatia, primeiros sinais comportamentais do Alzheimer, que é confundido com depressão, é um desinteresse, tanto faz como tanto fez. Tem gente que fala está deprimido, deixa que passa, e não procura ajuda. Esses fatores levam um atraso na busca por ajuda, essa normalização do comportamento do idoso.

 

 

LOCUTORA ANA CRISTINA: Nesse sentido Juliana acredito que seja importante reforçar essa questão referente aos sintomas. Inicialmente, perda da memória recente e chamar a atenção para os outros sintomas, pois como você mesmo disse, as pessoas acham , acreditam que essa perda de memória, é devido ao envelhecimento, existe esse estigma que as pessoas mais velhas são esquecidas. Então, deixamos passar. Depois da perda de memória recente, apatia,  quais são os principais sintomas que os familiares devem estar atentos?

JULIANA CECCATO: Memória recente,  começou ter lapsos de memória, o que a família faa? Estou aqui, pois fui neta, meus avós  paternos tiveram demência, como você disse no início uma doença neurodegenerativa, existem vários outros tipos de demência. Por exemplo, a demência vascular, etc., mas o Alzheimer é a mais comum, a mais freqüente. Começou lapsos de memória, repetir muitas vezes a mesma coisa, contar a mesma história Ana, desconfia.  Se estou contando de novo é porque eu não lembro. É um sinal importante, alguns familiares acreditam que é para irritar, ou implicância. Não é implicância, de novo é esse estigma que você falou, a velhice vem com a perda de memória. Não, a gente não perde memória porque estamos ficando mais velhos, pelo contrário ganhamos outras memórias, então esse fato do idoso esquecer é fake. Idoso esqueceu? Tem que prestar atenção, na questão da repetição, contar o passado com detalhes, significa que o presente está se apagando, começar a prestar atenção na torneira aberta, fogo aceso, situações que nunca fez, esquecer onde está seus pertences, senha de banco, são pequenos sinais, que passa a despercebido, os familiares tentam acreditar  que não é nada, isso não está acontecendo, foi só uma vez. Na verdade, quando você faz a Anamnese, quando conversamos com a família não foi apenas uma vez, os sintomas vem acontecendo de 2 a 4 anos.  De novo, Ana prestar atenção nos pequenos detalhes, começa bem leve.

 

Meu relato LOCUTORA ANA CRISTINA: essa questão da importância em saber identificar os sintomas, procurar orientação médica e aqui deixo meu relato para vocês. É muito importante, pois foi um fator primordial para a qualidade de vida da minha mãe. É muito triste quando recebemos o diagnóstico, porque sabemos que é uma doença degenerativa, que não tem cura. Minha luta foi essa comigo mesma e com a sociedade, quando recebemos o diagnóstico parece uma sentença de morte e eu sempre penso na qualidade de vida dela, ela tem que viver da melhor maneira possível dentro do quadro dela. Os primeiros sintomas dela surgiram quanto a organização da casa, ela sempre foi muito metódica quanto a organização,  coincidiu ao nascimento da minha sobrinha; mamãe sempre bordava os enxovais, chega o aviso do nascimento, ela não tinha terminado a manta para sair da maternidade. Acreditamos que foi um lapso, muitas demandas. Passado, mamãe teve um aumento da diabetes, foi a 520.  O médico questionou a medicação, eu disse que inclusive eu comprava, quando cheguei em casa a caixa de remédios estava lotada. Foi nesse momento, que acreditamos que havia algo de errado.

Fomos a neurologista, devido apatia, o diagnóstico foi depressão. Até que os sintomas ficarem mais evidentes, pois ela só tinha 63 anos. Psiquiatra, equipe multidisciplinar, até que chegamos a Geriatra, que solicitou o neurodiagnóstico, a memória operacional estava no limite, mas entramos com a medicação, para segurar as fases da doença. Mamãe tem Alzheimer a 12 anos, tem qualidade de vida.  Essa a importância a atenção aos primeiros sinais, diagnóstico precoce e ajuda médica. A qualidade de vida.

Quer saber mais? Se inscreva no canal do Youtube e assista toda entrevista.

https://youtu.be/m8679ig4v3I


Entrevista realizado por Ana Cristina.


ENTREVISTADA:

Juliana Ceccato

Neuropsicóloga

Membro da ABRAZ ( Associação Brasileira de Alzheimer) em Jundiaí


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