Segue abaixo entrevista entre a locutora Ana Cristina e a Neuropsicóloga e Membro da ABRAZ Juliana Ceccato, veiculada no programa “Resisto e Empodero” transmitido pela Rádio Boa Música FM, no dia 23 de setembro de 2021.
LOCUTORA ANA CRISTINA: O que é Doença de Alzheimer e onde afeta?
JULIANA CECCATO: A doença não é da pessoa e sim da família, pois a
família sofre com as fases, alterações comportamentais.
Foi descrita pela primeira vez 1906 pelo Dr. Alois Alzheimer. É uma demência neurodegenerativa
que compromete o principal fato, memória
pra fatos recentes . A primeira coisa que temos que se ligar, sabe quando dizemos que é normal o idoso
esquecer, o esquecimento é uma característica da velhice. É normal Ju? Não é
normal, primeiro que não é normal ninguém esquecer; quando pessoas novas
começam a esquecer, pensamos logo em estresse, transtorno do humor, ansiedade.
Nem para o idoso, então se ele começa a esquecer, ter falhas, lapsos de memória
precisamos procurar assistência neuropsicológica, médica, para fazer uma
avaliação. Aí sim Ana, o diagnóstico precoce é extremamente importante.
Recapitulando, a Doença de
Alzheimer é um tipo de demência. Então, falamos que é uma síndrome
neurodegenerativa que acontece no cérebro, mas especificamente numa região
lobo-temporal, nessa região quando começa perder neurônios começam a ocasionar
os esquecimentos.
No senso comum, é normal o idoso
esquecer de fatos recentes, ele começa a falar do passado com detalhes, não
lembra o que jantou, mas sabe do detalhe do passado, fala do enxoval de
casamento, detalhes de falas do pai. Então, mas apresenta dificuldade na
formação de novas memórias, semana que
vem preciso comprar café, pagar as paga, não consegue processar novas
informações. Esses seriam os primeiros sintomas iniciais, muito leves. Quando
falamos Ana, de neurodegeneração, há o comprometimento das regiões celebrais,
aparecem agressividade, troca o dia pela noite, isso pensando em evolução, não
lembra dos filhos, pergunta da mãe que já faleceu.
A apatia, primeiros sinais
comportamentais do Alzheimer, que é confundido com depressão, é um
desinteresse, tanto faz como tanto fez. Tem gente que fala está deprimido,
deixa que passa, e não procura ajuda. Esses fatores levam um atraso na busca
por ajuda, essa normalização do comportamento do idoso.
LOCUTORA
ANA CRISTINA: Nesse sentido Juliana acredito que seja importante reforçar essa
questão referente aos sintomas. Inicialmente, perda da memória recente e chamar
a atenção para os outros sintomas, pois como você mesmo disse, as pessoas acham
, acreditam que essa perda de memória, é devido ao envelhecimento, existe esse
estigma que as pessoas mais velhas são esquecidas. Então, deixamos passar. Depois
da perda de memória recente, apatia, quais
são os principais sintomas que os familiares devem estar atentos?
JULIANA CECCATO: Memória recente,
começou ter lapsos de memória, o que a
família faa? Estou aqui, pois fui neta, meus avós paternos tiveram demência, como você disse no
início uma doença neurodegenerativa, existem vários outros tipos de demência.
Por exemplo, a demência vascular, etc., mas o Alzheimer é a mais comum, a mais
freqüente. Começou lapsos de memória, repetir muitas vezes a mesma coisa,
contar a mesma história Ana, desconfia.
Se estou contando de novo é porque eu não lembro. É um sinal importante,
alguns familiares acreditam que é para irritar, ou implicância. Não é
implicância, de novo é esse estigma que você falou, a velhice vem com a perda
de memória. Não, a gente não perde memória porque estamos ficando mais velhos,
pelo contrário ganhamos outras memórias, então esse fato do idoso esquecer é
fake. Idoso esqueceu? Tem que prestar atenção, na questão da repetição, contar
o passado com detalhes, significa que o presente está se apagando, começar a
prestar atenção na torneira aberta, fogo aceso, situações que nunca fez,
esquecer onde está seus pertences, senha de banco, são pequenos sinais, que
passa a despercebido, os familiares tentam acreditar que não é nada, isso não está acontecendo, foi
só uma vez. Na verdade, quando você faz a Anamnese, quando conversamos com a
família não foi apenas uma vez, os sintomas vem acontecendo de 2 a 4 anos. De novo, Ana prestar atenção nos pequenos detalhes,
começa bem leve.
Meu relato LOCUTORA ANA CRISTINA:
essa questão da importância em saber identificar os sintomas, procurar
orientação médica e aqui deixo meu relato para vocês. É muito importante, pois
foi um fator primordial para a qualidade de vida da minha mãe. É muito triste
quando recebemos o diagnóstico, porque sabemos que é uma doença degenerativa,
que não tem cura. Minha luta foi essa comigo mesma e com a sociedade, quando
recebemos o diagnóstico parece uma sentença de morte e eu sempre penso na
qualidade de vida dela, ela tem que viver da melhor maneira possível dentro do
quadro dela. Os primeiros sintomas dela surgiram quanto a organização da casa,
ela sempre foi muito metódica quanto a organização, coincidiu ao nascimento da minha sobrinha; mamãe
sempre bordava os enxovais, chega o aviso do nascimento, ela não tinha
terminado a manta para sair da maternidade. Acreditamos que foi um lapso,
muitas demandas. Passado, mamãe teve um aumento da diabetes, foi a 520. O médico questionou a medicação, eu disse que
inclusive eu comprava, quando cheguei em casa a caixa de remédios estava
lotada. Foi nesse momento, que acreditamos que havia algo de errado.
Fomos a neurologista, devido
apatia, o diagnóstico foi depressão. Até que os sintomas ficarem mais
evidentes, pois ela só tinha 63 anos. Psiquiatra, equipe multidisciplinar, até
que chegamos a Geriatra, que solicitou o neurodiagnóstico, a memória operacional
estava no limite, mas entramos com a medicação, para segurar as fases da
doença. Mamãe tem Alzheimer a 12 anos, tem qualidade de vida. Essa a importância a atenção aos primeiros
sinais, diagnóstico precoce e ajuda médica. A qualidade de vida.
Quer saber mais? Se inscreva no canal do Youtube e assista
toda entrevista.
Entrevista realizado por Ana Cristina.
ENTREVISTADA:
Juliana Ceccato
Neuropsicóloga
Membro da ABRAZ ( Associação Brasileira de Alzheimer) em
Jundiaí
Nenhum comentário:
Postar um comentário